Enfim o post sobre a corrida e sobre NY....aguardei até hoje pra tentar encontrar o cabo do meu iPod que tem alguns vídeos que eu fiz durante a prova e não consegui achar, peguei um emprestado com o amigo Alexandre. Agora, todos os vídeos que fiz durante a maratona foram postados no Youtube e estão no corpo desse post!
Eu comecei esse blog quando faltavam 518 dias para a maratona de NY desse ano. Comecei com a certeza que tinha tempo suficiente pra me preparar e realmente tinha. Nunca tinha corrido antes e decidi começar a correr justamente por ter lido uma reportagem na revista Runners onde corredores diziam como a maratona de NY era a mais especial de todas, pricipalmente pela energia das pessoas nas ruas. Fiquei empolgado com aquilo e decidi começar a treinar, junto com meu amigo Alexandre em janeiro de 2009. Tive muitos problemas mas o que mais prejudicou a preparação foi realmente a mudança de emprego em Abril desse ano. Muitas viagens, muita hora extra e o treinamento foi ficando de lado. Fora isso, enfaixei meu pé esquerdo duas vezes depois de uma torção e uma delas há menos de 1 mês da prova. Mas como não havia cogitado desistir, peguei o vôo com escala no Panamá no dia 4 de Novembro e na madrugada do dia 5 eu estava em NY city num hotel muito bem localizado em Manhattan, mas que e era uma espécie de albergue muito doido. Não conhecia NY e fiquei encantado com a cidade. Já na sexta feira mesmo fui à feira da maratona pegar o kit e gastar uns dólares e saí de lá com algumas camisas, inclusive a que corri, e um phone a prova de suor que tem um som ótimo. A viagem foi realmente demais e a maratona foi a coisa mais difícil e impressionante que eu já fiz na vida, e duvido muito que teria conseguido terminar se não fosse "a maratona" de NY.
Sexta feira, dia 05:
Acordo por volta das 10h, horário local, um frio de uns 16 graus, e vou pra rua com o intuito de comer uma salada de frutas e depois procurar umas roupas pra comprar pois deixei o Brasil com uma mochilinha nas costas. Fui andando pela 5th avenida e logo encontrei um lugar pra comer uma salada de frutas com preço nova yorquino. Dali parti para BHPhoto pra comprar uma câmera e pegar a encomenda de meu amigo Alexandre, que decidiu virar fotógrafo profissional sem esforço e gastou uma pequena fortuna numa máquina profissional da Canon. A BHPhoto é uma loja imensa e vale a pena conhecer quando se vai à NY. Dali mesmo segui para uma rua de comércio e achei uma loja chamada Conway que vendia casacos e calças de moleton muito baratas (5USD cada) e comprei um conjunto para poder descartar no dia da corrida. Essa dica eu devo ao amigo Ésio que correu a prova ano passado e me alertou sobre o tempo de espera e o frio que me esperaria no dia da corrida. Dito e feito, se não fosse pelo agasalho e pelo colchonete que comprei, teria congelado. Depois de comprar o agasalho, parei para almoçar e comi uma macarronada com almôndegas. Saindo do almoço fui direto para o local da feira da maratona. A feira foi bem maneira e tinha o stand da Asics como o principal. Comprei luvas, camisas (uma camisa corta vento muito leve e que realmente funciona e que usei na prova), KT tapes, phone de ouvido e peguei meu kit. O kit da prova veio com uma camisa de manga longa meio feinha e de material inferior, uma outra camisa de malha e muito papel com propaganda. O saco plástico era a única coisa que você podia usar no dia da prova pra guardar suas coisas na área da maratona. Saí da feira, peguei um ônibus gratuito que levava à uma loja de esportes enorme que eu já esqueci o nome, mas onde eu comprei um Asics cumulus gel por 85 USD (chega a dar raiva!). Depois fui andando até o hotel já exausto de tanto andar e fui tomar um banho e descansar.
Sábado, dia 06:
Acordei por volta das 9 e me programei pra seguir o roteiro sugerido pelo amigo/patrocinador Bruno. Peguei o metrô com destino ao Financial District e fui conhecer o Marco Zero e Wall Street. Impressionante ver o que os americanos estão construindo onde sofreram o maior atentado terrorista da história. Nessas horas eu tenho a certeza que eles nunca deixarão de ser a "América". Saí de lá fui rumo à Wall Street e depois ver de longe a estátua da liberdade. Dali parti para o bairro Little Italy onde fui procurar o tal do Lombardi's, a primeira pizzaria de NY. Por recomendação do Bruno, pedi a tal bruscheta que realmente é muito boa e como achei que fosse pouca coisa, pedi logo uma pizza pequena esquecendo que na América não existe comida pequena. Saí de lá empanturrado e fui andar pelas ruas do Soho até decidir pegar o metrô de volta pro hotel, parar na mesma loja de esportes do dia anterior e comprar uma borracha, tipo um colchonete, para levar no dia da prova e ter onde deitar. Acho que o melhor investimento que eu fiz depois do casaco. Só o casaco não bastaria pois o chão estava gelado como gelo e eu teria que ficar em pé. Com o colchonete, deu até pra dar uma cochilada, mesmo no frio de 2 graus. Chegando no hotel à noite, conheci um irlandês que estava no mesmo quarto que eu e que iria também correr a maratona. O cara muito gente boa, e já tinha corrido 30Km antes da maratona. Quando eu disse à ele que o máximo que tinha corrido era uma meia maratona, ele fez uma cara de pena, ainda mais depois que eu contei os últimos perrengues que passei nos últimos meses, que me fizeram treinar bem menos do que eu deveria. A meta do Ryan era correr abaixo de 4 horas mas no domingo à noite, fiquei sabendo que ele tinha feito em 4:07 o ainda assim foi um tempo excepcional. O bicho estava destruído e achando que nunca mais correria uma maratona na vida.
De noite comi um macarrão e voltei pro quarto pra dormir. Coloquei meu celular pra despertar às 5:30, pois como teríamos que voltar uma hora quando fosse 2 da manhã de domingo, 5:30 no meu celular na verdade seriam 4:30 e como meu ônibus partia as 5:00, dava tempo de eu me arrumar e chegar no ponto de encontro em tempo.
Domingo, dia 7 (Dia da maratona)
Acordo as 5:30, horário do meu celular, e supostamente 4:30 horário local. Depois de me arrumar e descer, adivinha o que eu descubro quando chego na recepção do hotel? Na verdade já eram realmente 5:30. Ou seja, meu celular, às 20:30 da noite do sábado já tinha atualizado a hora para menos 1 e o animal aqui não percebeu. O desespero bateu na hora e só não fiquei mais gelado porque o frio da madrugada de NY já me congelava. Saí correndo em direção à biblioteca pública, de onde sairiam os ônibus e já estava ensaiando o meu discurso de misericórdia para que eles deixassem eu ir no ônibus das 6:00 pelo amor de tudo que fosse mais sagrado...."Sir, please, I came from Brazil just to run this marathon....don't do this to me! Please, mercy!". Felizmente não foi necessário.....entrei em um dos ônibus das 6:00 sem precisar mostrar absolutamente nada! Por que então eles tentam empurrar o maior número de pessoas para a saída das 5:00? Para que os atrasados como eu tenham espaço nos próximos ônibus mas obviamente eles não falam isso. Mas fica o bizu pra quem vai correr essa prova: mesmo que você pegue o adesivinho pra pegar o ônibus das 5:00, pegue o ônibus da 7 pois essas horas de sono farão muita diferença. (Se eles te descobrirem, use a frase em inglês acima que deve dar certo!)
Já no ônibus, com um aquecedor ligado, percebo um detalhe importantíssimo. Coloco a mão por dentro da calça de moleton e eis o que encontro? Nada de short! Somente a bermuda térmica! Cheguei a ficar zonzo..."Não, não é possível que eu vou ter que correr só com essa bermudinha coladinha! Preciso encontrar algum brasileiro previnido que tenha trazido 2 shorts!". Não adiantou....tive mesmo que correr com tudo apertadinho e perdi a vergonha.
Chegamos no ponto de partida as 6:40 e lembrem-se, a minha largada era às 10:40 somente! Eu digo à vocês que o melhor conselho que eu posso dar é esse: comprem um colchonete de borracha para que vocês tenham onde deitar ou sentar para esperar tanto tempo num frio de 2 graus! Eu nunca passei tanto frio na minha vida e se não fosse pela tal borracha para fazer pilates, que eu comprei por 30 USD, eu certamente teria me arrebentado. O chão era tão gelado quanto gelo! Todo mundo fica ao ar livre, numa área sem cobertura de nada e é um frio absurdo pra quem não está acostumado! Graças à borracha, que por sinal era bem grossa, eu consegui até tirar um cochilo entre uma tremida e outra.
E a vontade de ir ao banheiro antes de correr? Como estava muito frio, eu tive que urinar por 2 vezes. Na primeira vez a fila andou rápido...na segunda vez quase me mijei. E não é que quando estávamos indo para próximo a área de largada começa a me dar um revertério intestinal??! Pensei, "Não...não cago num banheiro químicos desses já entulhado de merda nem amarrado pelos ovos".....mas não teve jeito. Melhor pra fora do que pra dentro...se eu não fosse no banheiro naquela hora, provavelmente só iria depois da corrida e aí podia ser tarde demais. Chega a hora que começam a chamar o pessoal da terceira largada para se dirigir à linha de largada....aí chegou a hora de eu perder a vergonha e tirar a calça de moleton e deixar para a doação....
Meus agradecimentos especiais vão primeiramente para minha magnífica esposa que aturou todo o período de treinamento em que muitas vezes eu saía de casa 11 da noite e só retornava 1 da manhã. Por toda sua força, seu carinho e o amor com que sempre cuidou de mim e dos nosso filhos, essa medalha é tão dela quanto minha! Ainda volto em NY somente com ela (nada de criança!)
Aos amigos Alexandre e Bruno, que participaram mais de perto disso tudo comigo. Alexandre começou treinando comigo mas teve uma séria fascite nos dois pés e teve que parar de correr por ter um arco do pé parecido com os arcos da lapa. Ao Bruno, pela força e patrocínio...até um Nimbus 12 o cara trouxe da América e me deu de presente!
Aos poucos mas fiéis seguidores desse blog "porco": Luciana, Ésio, Gama, Rodrigo maratonista, Paulo de Lisboa, Gelse! Obrigado pelo carinho e incentivo!
Empire State of Mind
The Best of You
De noite comi um macarrão e voltei pro quarto pra dormir. Coloquei meu celular pra despertar às 5:30, pois como teríamos que voltar uma hora quando fosse 2 da manhã de domingo, 5:30 no meu celular na verdade seriam 4:30 e como meu ônibus partia as 5:00, dava tempo de eu me arrumar e chegar no ponto de encontro em tempo.
Domingo, dia 7 (Dia da maratona)
Acordo as 5:30, horário do meu celular, e supostamente 4:30 horário local. Depois de me arrumar e descer, adivinha o que eu descubro quando chego na recepção do hotel? Na verdade já eram realmente 5:30. Ou seja, meu celular, às 20:30 da noite do sábado já tinha atualizado a hora para menos 1 e o animal aqui não percebeu. O desespero bateu na hora e só não fiquei mais gelado porque o frio da madrugada de NY já me congelava. Saí correndo em direção à biblioteca pública, de onde sairiam os ônibus e já estava ensaiando o meu discurso de misericórdia para que eles deixassem eu ir no ônibus das 6:00 pelo amor de tudo que fosse mais sagrado...."Sir, please, I came from Brazil just to run this marathon....don't do this to me! Please, mercy!". Felizmente não foi necessário.....entrei em um dos ônibus das 6:00 sem precisar mostrar absolutamente nada! Por que então eles tentam empurrar o maior número de pessoas para a saída das 5:00? Para que os atrasados como eu tenham espaço nos próximos ônibus mas obviamente eles não falam isso. Mas fica o bizu pra quem vai correr essa prova: mesmo que você pegue o adesivinho pra pegar o ônibus das 5:00, pegue o ônibus da 7 pois essas horas de sono farão muita diferença. (Se eles te descobrirem, use a frase em inglês acima que deve dar certo!)
Já no ônibus, com um aquecedor ligado, percebo um detalhe importantíssimo. Coloco a mão por dentro da calça de moleton e eis o que encontro? Nada de short! Somente a bermuda térmica! Cheguei a ficar zonzo..."Não, não é possível que eu vou ter que correr só com essa bermudinha coladinha! Preciso encontrar algum brasileiro previnido que tenha trazido 2 shorts!". Não adiantou....tive mesmo que correr com tudo apertadinho e perdi a vergonha.
Chegamos no ponto de partida as 6:40 e lembrem-se, a minha largada era às 10:40 somente! Eu digo à vocês que o melhor conselho que eu posso dar é esse: comprem um colchonete de borracha para que vocês tenham onde deitar ou sentar para esperar tanto tempo num frio de 2 graus! Eu nunca passei tanto frio na minha vida e se não fosse pela tal borracha para fazer pilates, que eu comprei por 30 USD, eu certamente teria me arrebentado. O chão era tão gelado quanto gelo! Todo mundo fica ao ar livre, numa área sem cobertura de nada e é um frio absurdo pra quem não está acostumado! Graças à borracha, que por sinal era bem grossa, eu consegui até tirar um cochilo entre uma tremida e outra.
E a vontade de ir ao banheiro antes de correr? Como estava muito frio, eu tive que urinar por 2 vezes. Na primeira vez a fila andou rápido...na segunda vez quase me mijei. E não é que quando estávamos indo para próximo a área de largada começa a me dar um revertério intestinal??! Pensei, "Não...não cago num banheiro químicos desses já entulhado de merda nem amarrado pelos ovos".....mas não teve jeito. Melhor pra fora do que pra dentro...se eu não fosse no banheiro naquela hora, provavelmente só iria depois da corrida e aí podia ser tarde demais. Chega a hora que começam a chamar o pessoal da terceira largada para se dirigir à linha de largada....aí chegou a hora de eu perder a vergonha e tirar a calça de moleton e deixar para a doação....
Quando chegou a hora da largada, não podiam ter escolhido música melhor....meu amigo Frank, cantando New York, New York. A hora da largada foi sem dúvida um dos momentos mais empolgantes. Vai Frank!
Durante o início da corrida, onde já saímos pegando a ponte para o Brooklyn, muita gente começa a se desfazer das luvas e gorros. Eu achei exagerado e preferi manter minhas luvas que tinha pago 10 USD no dia anterior. Mas de repente começou a esquentar bem, e resolvi tirar as luvas. Prendi no meu cinto de utilidades que eu também tinha comprado no dia anterior, e fiquei de olho pra não deixar cair. Resolvi também pegar uma das muitas toucas que estavam sendo descartadas e peguei uma laranjinha, que muitas pessoas ganharam da Dunkin Donuts, e coloquei também no meu cinto do batman.
Comeci a corrida já com música pois o frio tava de arrebentar, e a música ajudava a esquentar o corpo. Quando passamos pela milha 1, tive a impressão que ainda não tínhamos corrido nem 1Km e me veio um bom pressentimento. Achei que a corrida passaria voando! Mal sabia eu o que estava prestes à vir. Logo na metade da milha 1 para milha 2, comecei a sentir um incômodo da blusa arrastando no peito. A blusa tinha sido comprada no dia anterior, e resolvi usar pois o tecido era muito macio e ela realmente "cortava o vento" como a propaganda dizia. Tinha até comprado uma espécie de pomada, anti-assadura (Assadura em inglês é chafe, só descobri lá) mas não tinha deixado no meu cinto de utilidades. Mas eis que passo pela milha 3 e começo a entender a diferença de se correr numa maratona com infraestrutura de verdade; um posto médico, com vários voluntários dando vaselina num palitinho de sorvete! Fiquei pensando em como eles pensaram realmente em tudo! Me lambuzei de vaselina já na área que a costura incomodou e fui embora ouvindo meu Ipod.
A parte no Brooklyn foi muito maneira e passei por umas ruas residenciais com muita gente no portão vibrando e nos dando força. Aliás, gente dando força certamente não faltou mas fica aqui o meu pequeno desapontamento: não vi NINGUÉM com a bandeira do Brasil durante quase toda corrida. Tinha gente com bandeira do Chile, do Irã, do Paquistão, do Chade, das Ilhas Maurício mas nada de brasileiros empolgados! Só mesmo lá pela milha 19 eu encontrei uma senhora com uma bandeira do Brasil nas mãos, na Avenida 1, e fui tirar satisfação com ela: " Por onde a senhora andou esse tempo todo??! A senhora é a primeira torcida brasileira que eu encontro pelo caminho!", e ela imediatamente me disse que todo ano estava ali naquele mesmo lugar!
Outro fato curioso foi ver uma certa separação por bairros, lá no Brooklyin ainda. Lá pela milha 8 ou 9, passamos por um bairro de judeus, e todo mundo andando nas calçadas tinha aquela touquinha, barbas enormes e cabelos de trancinha, atrás ou na frente. Cheguei a pensar que eu estava dentro da BHPhoto.
Quando cheguei na milha 13 e estava bem, fiquei achando que seria mais fácil do que eu havia imaginado. Resolvi parar para pegar um gatorade e beber uma água, e disparar mais algumas palavras sozinho, me confirmando como um dos maiores puxa-sacos dos Estados Unidos da América...
O meu plano inicial, era seguir correndo sem parar até a milha 15 (Km 24) e andar talvez por umas 2 milhas. Acabei dando umas andadas bem menores antes da milha 15 e segui relativamente bem, sem muito sacrifício porém num ritmo lento, até mais ou menos a milha 18 (Km 29). Antes disso porém fiz mais um vídeo na ponte para Manhatan.
Segui correndo e depois dessa ponte, um pouco depois chegamos na 1st Avenue, que é uma avenida muito similar a Av. Rio Branco aqui no Rio de Janeiro. Muita gente na rua e lá eu tive que apelar pra música "Empire State of Mind" que me deu um grande gás. Teve uma hora que eu passei pela multidão nas grades e dei uma empolgada neles, cantando o refrão da música: " In New York, concrete jungles where dreams are made, there is nothing you can't do now you are in NY..these streets will make you feel brand new, the lights will inspire you...". Só me arrependo de não ter filmado essa parte pois a multidão vibrou (eu cantei alto mesmo..).
Passando do Km 30, eu tive que lembrar de tudo que já tinha lido sobre maratonas, e que me parece unanimidade: "Depois do Km 30 é que se separam os homens das crianças!". Pra mim, pura verdade e ficou claro que eu estava no segundo grupo. Minhas pernas começaram a travar, minha coxa doía ao extremo e resolvi parar num posto médico pra ver se teria alguma massagista por lá. Eis que qual não foi minha surpresa quando eu expliquei meu problema e apareceu uma menina para fazer massagem nas minhas pernas. Mais uma vez, nota 10 para a estrutura da Maratona!
Quando passando mais ou menos pelo Km 32, onde o tempo já parecia passar bem mais devagar e eu não aguentava mais me alimentar de gel de carboidrato e de barrinha de proteína, eis que surge uma velhinha com uma bandeja na mão e gritando: "sandwich, sandwich!". Fui correndo lá pois vi que só tinha 1 e depois de agradecer muito, abro e vejo que era um sanduíche de pão árabe com pasta de atum....parecia um sonho! Como ela tinha adivinhado que eu adorava atum?? Aquilo pra mim foi um anjo que Deus mandou...não tem outra explicação! :-)
Lá pelo Km 37, eis que começo a sentir uma dor no joelho direito muito incômoda e resolvo parar novamente num posto médico para pedir para enfaixar com uma atadura. Saí dali andando e devo ter andando pelo menos uns 2Km até encher o saco daquilo (acabou que ficou apertado) e jogar fora já nos Km finais, onde já era possível ver o Central Park. Ah! Esqueci de dizer....se não tivesse pego a touca lá nos primeiro Kms, acho que o perrengue teria sido muito maior. Nos momentos de corrida na sombra e já esgotado, a touca ajudou muito a manter a temperatura.
Quando eu passei pela milha 24, achei que seria muito mais rápido do que realmente terminou sendo para chegar na linha de chegada....ei um vídeo meu com voz de destruído, assim que passei pela milha 25! :-) Tava revendo esse vídeo hoje e achando ridículo....com uma voz de choro....hahaha..muito sofrimento
Sem mais firulas e histórias boas pra contar, eis que finalmente consigo chegar na linha de chegada, depois de exatas 6 horas e 1 minuto. O tempo foi pior do que eu imaginei, mas como cheguei a pensar que não concluiría a prova por não ter conseguido tempo suficiente pra treinar e por não ter feito nenhum treino de mais de 21Km, fiquei realmente satisfeito de ter completado a prova. Pensei inclusive que ia chorar depois de passar na linha de chegada mas não foi pra tanto. A maratona foi sem dúvida a coisa mais difícil que eu já fiz na vida, principalmente pelo preparo insuficiente.
Abaixo, alguns vídeos de algumas músicas que me ajudaram a completar a prova, mas antes, o primeiro de todos, com o grande Frank cantando New York, New York e várias fotas dessa cidade incrível!
Durante o início da corrida, onde já saímos pegando a ponte para o Brooklyn, muita gente começa a se desfazer das luvas e gorros. Eu achei exagerado e preferi manter minhas luvas que tinha pago 10 USD no dia anterior. Mas de repente começou a esquentar bem, e resolvi tirar as luvas. Prendi no meu cinto de utilidades que eu também tinha comprado no dia anterior, e fiquei de olho pra não deixar cair. Resolvi também pegar uma das muitas toucas que estavam sendo descartadas e peguei uma laranjinha, que muitas pessoas ganharam da Dunkin Donuts, e coloquei também no meu cinto do batman.
Comeci a corrida já com música pois o frio tava de arrebentar, e a música ajudava a esquentar o corpo. Quando passamos pela milha 1, tive a impressão que ainda não tínhamos corrido nem 1Km e me veio um bom pressentimento. Achei que a corrida passaria voando! Mal sabia eu o que estava prestes à vir. Logo na metade da milha 1 para milha 2, comecei a sentir um incômodo da blusa arrastando no peito. A blusa tinha sido comprada no dia anterior, e resolvi usar pois o tecido era muito macio e ela realmente "cortava o vento" como a propaganda dizia. Tinha até comprado uma espécie de pomada, anti-assadura (Assadura em inglês é chafe, só descobri lá) mas não tinha deixado no meu cinto de utilidades. Mas eis que passo pela milha 3 e começo a entender a diferença de se correr numa maratona com infraestrutura de verdade; um posto médico, com vários voluntários dando vaselina num palitinho de sorvete! Fiquei pensando em como eles pensaram realmente em tudo! Me lambuzei de vaselina já na área que a costura incomodou e fui embora ouvindo meu Ipod.
A parte no Brooklyn foi muito maneira e passei por umas ruas residenciais com muita gente no portão vibrando e nos dando força. Aliás, gente dando força certamente não faltou mas fica aqui o meu pequeno desapontamento: não vi NINGUÉM com a bandeira do Brasil durante quase toda corrida. Tinha gente com bandeira do Chile, do Irã, do Paquistão, do Chade, das Ilhas Maurício mas nada de brasileiros empolgados! Só mesmo lá pela milha 19 eu encontrei uma senhora com uma bandeira do Brasil nas mãos, na Avenida 1, e fui tirar satisfação com ela: " Por onde a senhora andou esse tempo todo??! A senhora é a primeira torcida brasileira que eu encontro pelo caminho!", e ela imediatamente me disse que todo ano estava ali naquele mesmo lugar!
Outro fato curioso foi ver uma certa separação por bairros, lá no Brooklyin ainda. Lá pela milha 8 ou 9, passamos por um bairro de judeus, e todo mundo andando nas calçadas tinha aquela touquinha, barbas enormes e cabelos de trancinha, atrás ou na frente. Cheguei a pensar que eu estava dentro da BHPhoto.
Quando cheguei na milha 13 e estava bem, fiquei achando que seria mais fácil do que eu havia imaginado. Resolvi parar para pegar um gatorade e beber uma água, e disparar mais algumas palavras sozinho, me confirmando como um dos maiores puxa-sacos dos Estados Unidos da América...
O meu plano inicial, era seguir correndo sem parar até a milha 15 (Km 24) e andar talvez por umas 2 milhas. Acabei dando umas andadas bem menores antes da milha 15 e segui relativamente bem, sem muito sacrifício porém num ritmo lento, até mais ou menos a milha 18 (Km 29). Antes disso porém fiz mais um vídeo na ponte para Manhatan.
Segui correndo e depois dessa ponte, um pouco depois chegamos na 1st Avenue, que é uma avenida muito similar a Av. Rio Branco aqui no Rio de Janeiro. Muita gente na rua e lá eu tive que apelar pra música "Empire State of Mind" que me deu um grande gás. Teve uma hora que eu passei pela multidão nas grades e dei uma empolgada neles, cantando o refrão da música: " In New York, concrete jungles where dreams are made, there is nothing you can't do now you are in NY..these streets will make you feel brand new, the lights will inspire you...". Só me arrependo de não ter filmado essa parte pois a multidão vibrou (eu cantei alto mesmo..).
Passando do Km 30, eu tive que lembrar de tudo que já tinha lido sobre maratonas, e que me parece unanimidade: "Depois do Km 30 é que se separam os homens das crianças!". Pra mim, pura verdade e ficou claro que eu estava no segundo grupo. Minhas pernas começaram a travar, minha coxa doía ao extremo e resolvi parar num posto médico pra ver se teria alguma massagista por lá. Eis que qual não foi minha surpresa quando eu expliquei meu problema e apareceu uma menina para fazer massagem nas minhas pernas. Mais uma vez, nota 10 para a estrutura da Maratona!
Quando passando mais ou menos pelo Km 32, onde o tempo já parecia passar bem mais devagar e eu não aguentava mais me alimentar de gel de carboidrato e de barrinha de proteína, eis que surge uma velhinha com uma bandeja na mão e gritando: "sandwich, sandwich!". Fui correndo lá pois vi que só tinha 1 e depois de agradecer muito, abro e vejo que era um sanduíche de pão árabe com pasta de atum....parecia um sonho! Como ela tinha adivinhado que eu adorava atum?? Aquilo pra mim foi um anjo que Deus mandou...não tem outra explicação! :-)
Lá pelo Km 37, eis que começo a sentir uma dor no joelho direito muito incômoda e resolvo parar novamente num posto médico para pedir para enfaixar com uma atadura. Saí dali andando e devo ter andando pelo menos uns 2Km até encher o saco daquilo (acabou que ficou apertado) e jogar fora já nos Km finais, onde já era possível ver o Central Park. Ah! Esqueci de dizer....se não tivesse pego a touca lá nos primeiro Kms, acho que o perrengue teria sido muito maior. Nos momentos de corrida na sombra e já esgotado, a touca ajudou muito a manter a temperatura.
Quando eu passei pela milha 24, achei que seria muito mais rápido do que realmente terminou sendo para chegar na linha de chegada....ei um vídeo meu com voz de destruído, assim que passei pela milha 25! :-) Tava revendo esse vídeo hoje e achando ridículo....com uma voz de choro....hahaha..muito sofrimento
Sem mais firulas e histórias boas pra contar, eis que finalmente consigo chegar na linha de chegada, depois de exatas 6 horas e 1 minuto. O tempo foi pior do que eu imaginei, mas como cheguei a pensar que não concluiría a prova por não ter conseguido tempo suficiente pra treinar e por não ter feito nenhum treino de mais de 21Km, fiquei realmente satisfeito de ter completado a prova. Pensei inclusive que ia chorar depois de passar na linha de chegada mas não foi pra tanto. A maratona foi sem dúvida a coisa mais difícil que eu já fiz na vida, principalmente pelo preparo insuficiente.
Abaixo, alguns vídeos de algumas músicas que me ajudaram a completar a prova, mas antes, o primeiro de todos, com o grande Frank cantando New York, New York e várias fotas dessa cidade incrível!
Meus agradecimentos especiais vão primeiramente para minha magnífica esposa que aturou todo o período de treinamento em que muitas vezes eu saía de casa 11 da noite e só retornava 1 da manhã. Por toda sua força, seu carinho e o amor com que sempre cuidou de mim e dos nosso filhos, essa medalha é tão dela quanto minha! Ainda volto em NY somente com ela (nada de criança!)
Aos amigos Alexandre e Bruno, que participaram mais de perto disso tudo comigo. Alexandre começou treinando comigo mas teve uma séria fascite nos dois pés e teve que parar de correr por ter um arco do pé parecido com os arcos da lapa. Ao Bruno, pela força e patrocínio...até um Nimbus 12 o cara trouxe da América e me deu de presente!
Aos poucos mas fiéis seguidores desse blog "porco": Luciana, Ésio, Gama, Rodrigo maratonista, Paulo de Lisboa, Gelse! Obrigado pelo carinho e incentivo!
Empire State of Mind
City of Blinding Lights
The Best of You